Os animais mortos na berma da estrada

Não conheço na literatura portuguesa uma viagem de carro como esta, que balança entre o sexo, a revolta e o pensamento no futuro. Nada é definitivo, é a filosofia do narrador sem nome, que usa simultaneamente esta narrativa como pretexto de fuga do país e vade-mécum para mudar de vida. E que tem ressonâncias iniciáticas, pois o fim das ilusões é já a metamorfose de outro viver.

Este livro sincero tem a força voluntariosa dos que querem arder na vivência. Não sabemos quantos litros de combustível gastou na sua viagem, mas sabemos os despojos das suas conquistas porque no-lo diz cruamente. E ainda bem, porque assim nos sentimos mais perto da sua vulnerabilidade desarmante. É sempre de admirar um carro chamado desejo.

Manuel da Silva Ramos

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