Lutas da Miséria. Beira Baixa, Alentejo, Extremadura, Andaluzia, a Raia

Autor José Paulo Leitão
Prefácio António Lourenço Marques
Ilustração da capa João Vaz de Carvalho
Grafismo e paginação José Espadinha
Edição Joana Morão, Lia Nunes
Idioma português

Edição Jornal do Fundão & Canto Redondo
Colecção Gentes, 1
isbn 9789895369294

1.ª edição Janeiro 2023
Capa mole com badanas, 320 p., 150 x 240 mm

José Paulo Leitão apresenta-nos uma obra inaugural, deliciosa de ler, e que nos surpreende. Socorrendo-se de uma bibliografia minuciosa, e mostrando ser senhor de um conhecimento assinalável sobre a questão em que se meteu – não fosse ele um causídico de larga laboração, sensível, um humanista indefectível, e tudo de longa data – traz à luz do dia um ror de personagens que unificou com um título magnífico, ainda que pungente: «Lutas da miséria». Sim! É de gente humilde, da mais sofredora das vidas, da mais destroçada e repelida, que estas páginas nos falam. Os mendigos, os vagabundos, os ciganos, os escravos negros, os enjeitados e criados, os emigrantes, os contrabandistas, os prisioneiros, e tantos outros mais de vidas desgraçadas têm aqui uma voz. O autor desvenda os seus enfrentamentos, e fala deles, mas também com o coração. A escrita pressente-o, admiravelmente.

(do prefácio)


É como se pesasse sob os mais miseráveis e famintos a obrigação social de se organizarem, definirem um programa, reivindicarem e lutarem como classe, para que possam ser merecedores de consideração e não serem desprezíveis.
Mas os homens que foram sujeitos pelos senhores ao servilismo, à fome e à opressão têm toda a legitimidade para desencadear as suas lutas da miséria e reivindicar os seus heróis, que talvez ainda estejam por identificar. Com máximo rigor e evitando vitimizar quem há séculos sofre a imposição das pobrezas por identificados algozes; as Lutas da Miséria são resultado de uma urgente busca pela superlativa reivindicação da dignidade humana. João Paulo Leitão centra-se nas regiões da Península cuja desertificação humana desemboca hoje na completa agonia natural: Alentejo, Beira Baixa, a raia, Andaluzia e Extremadura. Os vazios da historiografia revelam-se gritantes, e o povo dos retratos ganham cara, nome, história. A sua análise procura as causas e as consequências de séculos de abandono, desprezo, descuido e negligência. Não seria nada de novo, se não nos fosse posto nas mãos uma síntese do muito que ainda tem que se estudar para dar respostas à banalização da miséria em Portugal.


JOSÉ PAULO VAZ DE CARVALHO LEITÃO nasceu no Fundão a 28 de Outubro de 1952. Ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa em 1972, tendo concluído a licenciatura em Direito. Exerce advocacia em Lisboa desde 1980, predominantemente na área laboral e sindical.

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